Hugo Cisneiros (Eitch), hugo arroba devin ponto com ponto br
Versão 4.0, 2006

The Linux Manual

1.8. Vantagens do Código-Aberto

Índice

1.8.1. Resposta rápida para falhas
1.8.2. Mais pessoas disponíveis a observar e cuidar do código
1.8.3. Todos podem contribuir sem se preocupar tanto
1.8.4. Uso Livre
1.8.5. Incentivo ao Mercado Local (Pequenas e médias empresas)

Depois de conhecer um pouco sobre o Linux, seu desenvolvimento aberto e as licenças livres, que tal agora conhecermos algumas vantagens do código-aberto? :)

1.8.1. Resposta rápida para falhas

Nada é perfeito, certo? É claro que isso é uma verdade e por isso não podemos esperar que o Linux nunca tenha defeitos (sim, no Linux aparecem falhas também). Mas o que diferencia o Linux de sistemas proprietários é sua capacidade de correção rápida para essas falhas.

O que eu quero dizer com isso? Bem, primeiro temos que ver que com o código aberto, a possibilidade de se achar uma falha aumenta bastante, pois várias cabeças podem auditar o código e procurar por falhas de implementação nele a qualquer momento e parte do mundo. Em um curto período de tempo, o sistema fica bem mais seguro e estável. E é justamente isso que acontece na época em que o kernel está em desenvolvimento: lança-se versões instáveis do código e várias pessoas vão auditando e testando, até se chegar a um kernel estável, pronto para ser lançado para o público em geral usar em produção.

Segundo, no mundo do software livre (e isso inclui principalmente o Linux) as falhas que são encontradas são rapidamente consertadas e lançadas ao público. Para se ter uma idéia, geralmente as falhas que se encontram são corrigidas e empacotadas (prontas pra atualização) pelas distribuições num período de 24 horas (ou muito menos). Isso se chama eficiência!

Tudo isto é resultado do modelo de código-fonte aberto, porque as pessoas sentem a necessidade de retribuir com correções aquele conhecimento que lhes foi passado.

1.8.2. Mais pessoas disponíveis a observar e cuidar do código

Está bem... Entendemos que com o modelo de código-fonte aberto, qualquer pessoa pode pegar o código em algum lugar, olhar e mexer. Agora imagine que você seja um desenvolvedor e quer colocar as mãos na massa, programando algum utilitário ou coisa parecida. Você tem algumas opções:

  1. Começar seu programa a partir do zero, fechar o código e continuar desenvolvendo.

  2. Se juntar a uma empresa que faz programas de código-fechado e trabalhar para ela desenvolvendo.

  3. Desenvolver o código-livre e disponibilizar para a comunidade.

  4. Juntar-se a um grupo que desenvolve programas de código-fonte aberto, desenvolvendo melhorias e correções.

No item 1, você vai ter muito trabalho e vai ter que dedicar muito tempo para uma coisa que não pode valer tanto a pena (fazer coisas do zero hoje em dia são bem mais difíceis). Ingressar um produto novo no mercado prostituído que é a informática é muito difícil. Vai ser preciso também ótimos conceitos de marketing ;)

Já no item 2, você tem uma possibilidade de sucesso maior que a do item 1, mas sempre terá restrições. Você não terá muita liberdade sobre o que vai fazer, pois estará sempre submetido à política restrita da empresa proprietária. Além disso, a tarefa de ingressar em uma boa empresa desenvolvedora de software é difícil, pois você provavelmente vai precisar de um bom currículum, experiências e por aí vai.

Já os itens 3 e 4, as coisas ficam mais fáceis. No mundo do software livre, tudo funciona como uma seleção natural. A pessoa que se esforça em seus estudos e práticas e desenvolve algo bom para a comunidade, obtém seu status nela e rapidamente ganha confiança e é chamado para vários projetos grandes.

Por exemplo: imagine que você é um Zé Ninguém, que mal entrou na universidade, não tem muita experiência em empresas e passa o dia todo fuçando na Internet. Será que você tem muitas chances de ingressar numa empresa?

Agora imagine que você resolveu estudar uma linguagem de programação e começou a praticar verificando e fazendo mudanças em códigos de programas livres? Você estará recebendo conhecimento do mundo todo gratuitamente, no conforto de sua casa e seu computador. Com o tempo, se suas contribuições forem boas e importantes, a comunidade em si se encarregará de deixá-lo mais importante e esperto no mundo da computação. Em pouco tempo, seu nome poderá estar entre muitos outros nomes importantes na comunidade e isso chama e muito a atenção de grandes empresas (tanto proprietárias quanto de software livres).

Além disso, você não fica restrito a apenas uma linha. Você pode desenvolver o que quiser, o quanto puder e quando quiser. Dependendo do seu esforço, você receberá recompensas pessoais.

Então o fator mais importante é esse: muito mais oportunidades. E isso não se restringe apenas quem está começando não. Já vi muita gente que passou anos em softwares proprietários e que depois conheceu o modelo de código-aberto, abraçou e hoje se sente muito melhor com isso do que antes. Experiência é tudo, viva para você ver como é! Contagiante! :)

São essas oportunidades que fazem mais e mais desenvolvedores aparecerem no mundo do software livre e do Linux. Hoje em dia o kernel do Linux é mantido por centenas de pessoas, de diversas partes do mundo (e de empresas também) livremente. E dá muito certo! Depois de ler este texto, agora mesmo você pode baixar os fontes do kernel e contribuir com alguma coisa. Imagine o mundo todo fazendo isso!

1.8.3. Todos podem contribuir sem se preocupar tanto

Como dito anteriormente, qualquer pessoa pode contribuir. Para isso acontecer num modelo de desenvolvimento proprietário, o desenvolvedor teria que falar com a empresa, pedir o código-fonte, pedir autorização, entre outras burocracias (com o risco de não aceitarem) para fazer isso legalmente. E ainda por cima poderá (provavelmente) acontecer de você ter que pagar para fazer essas coisas.

No desenvolvimento aberto, você pode pegar e modificar a qualquer momento, de qualquer lugar e como quiser, sem ter que dar satisfação a ninguém. Adeus preocupações... A única preocupação que você teria seria na hora de distribuir o programa junto com as coisas que você modificou. Para isso você teria que respeitar a licença.

1.8.4. Uso Livre

Da mesma forma que qualquer pessoa pode pegar o código-fonte, modificar livremente à sua maneira, qualquer pessoa pode também pegar o programa e usar sem precisar dar satisfação à ninguém. Se por exemplo eu quiser usar um WebMail (e uso ;P), eu pego na Internet e uso livremente.

No software livre você nunca vai precisar pagar licenças de uso para os programas. Só o que você precisará pagar é pelo serviço. Imagine assim: Você tem todas as peças de um carro de graça e só é preciso montá-lo. Se você não quer ter o trabalho de montar o carro, pague para alguma outra pessoa fazer pra você. Mas se você souber como fazer e quiser fazer, faça à vontade. O único preço que você irá pagar é tempo e esforço.

1.8.5. Incentivo ao Mercado Local (Pequenas e médias empresas)

Assistindo a uma palestra de John "Maddog" Hall, aprendi que o software livre incentiva o mercado local. Quando falamos em software proprietário, apenas uma empresa detém o direito do software. Outras empresas podem surgir como "parceiras" ou "filiais", mas sempre pagando alguma coisa pra matriz e criando dependência.

No software livre a coisa é diferente, qualquer pessoa pode lançar uma empresa de serviços (por exemplo, em software) e começar a trabalhar com produtos livres com total liberdade. Essa mesma empresa vai estar criando uma cultura para aquele programa e isso influencia positivamente quem criou o programa. Sem ter que dar satisfação e pagar para uma matriz, a empresa local pode ganhar mais dinheiro, investir em si mesma e quem sabe começar a desenvolver junto com a empresa criadora. Tudo isso em uma relação saudável.

E de acordo com a demanda, o cliente vai escolher sempre o mais ao seu nível. Se por exemplo o Sr. João, que possui um escritório de contabilidade, com 3 pessoas, quiser montar uma rede baseada em software livre, ele pode escolher uma empresa local para fazer isso. Se uma empresa gigante (exemplo: Casas Bahia) quiser fazer o mesmo, ela contrata uma corporação (tipo a IBM). Como eu disse lá atrás: seleção natural.