Hugo Cisneiros (Eitch), hugo arroba devin ponto com ponto br
Versão 4.0, 2006

The Linux Manual

2.1. Qual distribuição Linux instalar?

Índice

2.1.1. Red Hat
2.1.2. Slackware
2.1.3. Debian
2.1.4. Conectiva
2.1.5. Mandrake
2.1.6. Mandriva
2.1.7. Fedora
2.1.8. CentOS
2.1.9. SuSE
2.1.10. Kurumin
2.1.11. Ubuntu
2.1.12. Gentoo
2.1.13. LTSP
2.1.14. ZipSlack
2.1.15. Linux From Scratch (LFS)
2.1.16. Outras distribuições

Antes de mais nada, vou repetir: gosto é gosto! Existem muitas distribuições, muitos usos e muitos casos. Quem está no mundo Linux sabe muito bem que existem as tais guerras santas entre as distribuições, mas não se deixe levar por elas :)

2.1.1. Red Hat

Desde o começo, a empresa Red Hat vem atuando no mundo Linux como nenhuma outra distribuição. Caracterizada por uma pessoa sombra com um chapéu vermelho, ela foi uma das pioneiras no tratamento sério do Linux. Sua equipe não apenas ajuda na distribuição em si, mas também no próprio Linux: muita contribuição no desenvolvimento do GNOME, do kernel, dos compiladores GNU, kernel e muito mais).

Devido à essa forte base, várias outras distribuições se basearam no Red Hat para serem criadas, como por exemplo: Conectiva, Mandrake, SuSE, entre outros.

Criadora do RPM (antes Red Hat Package Manger, e agora RPM Package Manager), um dos gerenciadores de pacotes mais usados na atualidade, a Red Hat atualmente dividiu-se em duas partes: empresarial e comunidade. A antiga distribuição Red Hat acabou sendo fechada apenas como um produto Enterprise, vendido para empresas à um certo custo e uma nova distribuição foi feita a partir dessa separação: o Fedora, que serve como base para a versão Enterprise. Com isso a empresa conseguiu abrir mais o seu produto para a comunidade e ganhar uma boa base para poder lidar com as empresas corporativas. Isso tudo sem descomprometer-se com a filosofia do código-aberto: os fontes da versão Enterprise estão disponíveis para qualquer um, e inclusive existem distribuições livres e gratuitas baseadas neste fonte, que é o caso do CentOS (Seção 2.1.8, “CentOS”).

A Red Hat é voltada para o desktop GNOME (mas não deixa de ter o KDE e o XFCE) e tem como ponto forte a facilidade no manuseio de suas configurações. Muita gente diz que é uma distribuição lenta pelo fato dela vir com muita coisa na instalação e às vezes requer algumas personalizações para ficar legal.

Site: http://www.redhat.com/

2.1.2. Slackware

Podemos dizer que o Slackware é uma das mais famosas distribuições para Linux. O seu criador, Patrick Volkerding, lançou a primeira versão da distribuição em Abril de 1992 e desde então segue uma filosofia bem rígida: manter a distribuição o mais parecido com o UNIX possível. As prioridades da distribuição são: estabilidade e simplicidade.

O Slackware tem uma fama de ser difícil de usar, mas isto não é bem uma verdade. Existem muitas distribuições mais fáceis de se usar, mas nada melhor do que uma um pouco mais difícil para aprender muito mais!

Ele possui uma interface de instalação bem amigável, além de uma série de scripts que ajudam na instalação e desinstalação de pacotes. O problema é que muitos pensam que têm de se pegar as fontes dos programas, compilá-los, instalá-los para depois usar no Slackware, mas isso não é verdade! O sistema padrão de pacotes do Slackware é o .tgz (que ao contrário do que muitos pensam, não é igual ao .tar.gz, pois contém algumas informações adicionais sobre a instalação). Isso facilita e muito o trabalho. Mas como não há uma diversidade de programas disponíveis como há nos pacotes DEB ou RPM, algumas coisas devem sim ser compiladas e instaladas.

O Slackware pode ser uma alternativa tanto para usuários iniciantes como para os já experientes. As opções de instalação permitem que o usuário possa instalar em sua máquina uma distribuição que tem como características uma grande variedade de desktops (gerenciadores de janelas como o Gnome, KDE, Window Maker, Enlightenment, fvwm), ou como um poderoso servidor com todos os recursos necessários (utilitários de rede, servidores http, noticias, e-mail, ftp, etc). Os pacotes sempre estão em atualização, mantidos por uma versão especial da distribuição: o slackware-current. Isto desfaz o mito de que o slackware não é uma distribuição "dinâmica". Todos aqueles aplicativos estão disponíveis e são atualizados regularmente.

Então o único potencial que o Slackware ainda não tem é um gerenciamento de pacotes que permita uma checkagem de dependências... Fora isso, ela atende todas as boas exigências facilmente! Você poderá obter mais informações e fazer o download desta distribuição através da página oficial que fica no seguinte endereço:

Site: http://www.slackware.com/

2.1.3. Debian

Talvez a filosofia do Debian seja o ponto que mais chama atenção nesta popular distribuição! No início, antes do Linux ser lançado oficialmente por Linus Torvalds, o projeto GNU já tinha várias ferramentas Unix-like disponíveis. O que faltava era um kernel e então quando Linus Torvalds lançou o seu kernel Linux, resolveram então criar o GNU/Linux. Não, não é outro sistema diferente, é só um nome para chamarem as distribuições que usam o kernel Linux e que têm ferramentas feitas pelo projeto GNU. Mas o que isso tudo tem haver com o Debian? O Debian GNU/Linux é uma distribuição que segue toda esta filosofia do projeto GNU, oficialmente contendo apenas pacotes com programas de código-fonte livre, feito por voluntários espalhados pelo mundo e sem fins lucrativos alguns.

Apesar de atualmente o Debian ser usado com o kernel Linux, ele se entitula como um sistema operacional que pode usar não apenas o kernel do Linux em si, mas outros kernels como o Hurd (projeto de kernel livre feito fora do escopo do Linux). Isso o faz o "Sistema Operacional Universal", pois o principal objetivo deles é fazer um sistema que rode em todos os lugares e com vários kernels. E claro, isso tudo na filosofia GNU.

O Debian tem uma quantidade incrível de pacotes pré-compilados para vários tipos de arquiteturas. Ele conta com mais de 7000 pacotes, que facilitam e muito a instalação e gerenciamento de programas no sistema. Além do mais, ele é o pai do apt, a ferramenta de atualização de pacotes automática, feita pela internet. Mas há quem diga que o Debian ainda tem muito o que melhorar: Uma instalação complicada e fanatismo são alguns pontos fracos que muita gente encontra nesta distribuição.

Site: http://www.debian.org/

2.1.4. Conectiva

Uma empresa de serviços ISP, que trabalhava com Linux, resolveu desafiar a rotina e começou a criar uma distribuição baseada na RedHat. Esta empresa brasileira criou (até onde eu saiba) a primeira distribuição brasileira, o Conectiva Red Hat Linux. A primeira versão se chamou Parolin e não continha muita coisa além de traduções da distribuição Red Hat. Porém, seu desenvolvimento foi crescendo e resolveram partir para um rumo próprio, fazendo suas próprias alterações e ideologias na distribuição em uma rota diferente da empresa americana Red Hat. Então surgiu o Conectiva Linux.

A partir do ano de 1999, a popularidade do Linux começou a explodir no Brasil. E o Conectiva Linux, que já estava na sua versão 3.0, ficou muito popular entre os usuários brasileiros e foi isso que fez com que a empresa conseguisse investir mais ainda na distribuição. O Conectiva Linux se tornou uma boa e popular distribuição brasileira, que provou ser tão boa quanto as estrangeiras. Há quem aponte seus pontos fortes e fracos...

Apesar de ter tomado um rumo diferente ao da Red Hat, sua distribuição ainda se baseia nos conceitos básicos da americana, assim como muitas outras baseadas na Red Hat. Mas muita coisa boa foi feita para melhorar a distribuição, como a criação do apt (ferramenta de atualização de pacotes) para pacotes RPM, o GNU parted (particionador), traduções diversas para o português, entre outras coisas. O objetivo da distribuição é tornar fácil as coisas para os usuários novos, sem comprometer muito o andamento do sistema.

Recentemente, a empresa Conectiva se juntou à francesa Mandrake e juntos começaram a fazer a distribuição Mandriva: uma junção das duas.

Site: http://www.conectiva.com.br/

2.1.5. Mandrake

Esta empresa francesa resolveu apostar no Linux como um sistema fácil para todos! E esse é o objetivo principal da empresa, criar uma distribuição fácil para todos os tipos de pessoas usarem. Baseada na americana Red Hat, o Mandrake vêm com vários programas de configuração fáceis de serem utilizados e bem úteis. Durante o crescimento brusco do Linux mundialmente, o Mandrake adquiriu muitos fãs e uma popularidade incrível principalmente na América do Norte, através de sua interface fácil e dinamismo.

A empresa quase ficou falida, mas com a ajuda da comunidade e uma boa estratégia comercial, ela conseguiu ressurgir das cinzas e agora se juntou à Conectiva para criar a junção das duas distribuições: Mandriva!

Site: http://www.mandrivalinux.com/

2.1.6. Mandriva

Mandriva é a fusão das empresas Mandrake (francesa) e Conectiva (brasileira). O objetivo é utilizar todas as ferramentas criadas por essas duas grandes distribuições e formar uma distribuição unificada.

Site: http://www.madrivalinux.com.br/

2.1.7. Fedora

O Fedora é talvez, a melhor proposta de uma distribuição baseada na comunidade junto com o Debian. Esta distribuição é derivada da Red Hat, que antes tinha seu desenvolvimento feito apenas internamente e que resolveu abrir as suas portas para toda a comunidade, criando assim o Fedora Core.

Em todos os modos, o Fedora é um tipo de Red Hat, mesmo porque a empresa Red Hat pega o Fedora e o transforma em sua linha de produtos Red Hat Enterprise Linux (RHEL). O que mudou é que agora a Red Hat não manda mais totalmente no projeto. Várias pessoas da comunidade se integram na equipe de desenvolvimento e grandes progressos foram obtidos através desse modelo.

Hoje o Fedora conta com muitos pacotes disponíveis em RPM (formato de empacotamento nativo) e ferramentas de configuração que facilitam e muito a vida de um administrador de sistemas ou um usuário final. Além da distribuição em si, há também vários projetos da comunidade que apoiam o Fedora e influenciam bastante os usuários da distribuição.

Site: http://fedoraproject.org/

2.1.8. CentOS

O CentOS é uma distribuição baseada nos fontes do Red Hat Enterprise Linux. Quando a Red Hat fechou sua distribuição Red Hat (criando a versão Enterprise e liberando a versão comunitária Fedora), ela seguiu a filosofia do código-aberto e deixou disponível os fontes da distribuição. Algumas pessoas se juntaram, empacotaram estes fontes e criaram uma distribuição "clone" do Red Hat Enterprise Linux, que contém a mesma coisa e só muda o nome: CentOS.

Com o tempo a distribuição ganhou prestígio e hoje em dia é bastante utilizada no mercado, como alternativa livre para o Red Hat Enterprise Linux.

Site: http://www.centos.org/

2.1.9. SuSE

A SuSE (não, não é a amiga da Barbie!) era uma empresa alemã que foi comprada pela Novell e se tornou ao longo do tempo uma das distribuições corporativas mais utilizadas, disputando com a Red Hat. No início, a SuSE baseava sua distribuição no Slackware, mas logo depois tomou rumo diferente, começando a implementar os pacotes com o RPM e fazendo mudanças na forma de organização do sistema. Criaram também uma ferramenta de configuração do sistema chamada YaST, que facilita e muito mexer nas configurações da distribuição.

As pessoas achavam que o único problema da SuSE era que ela mantinha algumas ferramentas proprietárias e mantinha seu produto sempre pago... Mas isso começou a mudar depois de sua aquisição pela Novell, que parece estar contribuindo ainda mais para a comunidade do software livre desenvolvendo e liberando seus programas em licenças livres.

Atualmente a distribuição SuSE é usada em muitas máquinas pela Europa afora, incluindo instituições educacionais e governo. Sem dúvida é uma distribuição notável, porém não muito usada no Brasil.

Site: http://www.novell.com/linux/

2.1.10. Kurumin

O Kurumin é uma distribuição brasileira baseada no Knoppix, que por sua vez é baseada na distribuição Debian. A proposta do Kurumin é fazer uma personalização do Linux capaz de rodar diretamente do CD (sem precisar instalar, mas mesmo assim se o usuário quiser, ele instala) e com muitas facilidades para os usuários iniciantes.

Sem dúvida alguma, o Kurumin fez parte do crescimento do Linux no Brasil, pois foi com ele que muitas pessoas começaram a ver como um desktop Linux pode ser bonito e usável. Esta distribuição se propagou bastante e ajudou a divulgar mais ainda o Linux.

Site: http://www.guiadohardware.net/kurumin/

2.1.11. Ubuntu

Depois de vender uma empresa de certificados de segurança, um empresário simpatizante do software livre resolveu fundar a Canonical, que por sua vez utilizou o Debian como base e criou a distribuição Ubuntu. O Ubuntu veio como uma forma de popularizar o Linux, como um Debian cheio de facilidades e muito funcional.

Com o Ubuntu você encontra todas as funcionalidades do Debian já prontas e integradas para o usuário final, obtendo assim facilidade, compatibilidade e poder (!).

O Ubuntu por padrão vem com o desktop GNOME, mas existe um projeto paralelo e afiliado ao Ubuntu: o Kubuntu, que só faz trocar o desktop de GNOME, para KDE ;)

Site: http://www.ubuntulinux.org/

2.1.12. Gentoo

O Gentoo veio com uma proposta diferente de todas as outras distribuições: Ao invés de fornecer aos seus usuários os programas já prontos para o uso, ele disponibiliza um sistema automático que baixa da Internet os arquivos de um programa, compila de acordo com sua própria máquina e instala no sistema. O processo acaba se tornando muito mais lento do que instalar um pacote já pronto, mas a vantagem é que o programa fica otimizado para a sua máquina e por isso há um pequeno ganho de desempenho.

Só não recomendo você instalar uma distribuição como o Gentoo em máquinas velhas e lentas, a não ser que você queira esperar alguns dias para compilar muitas coisas :) Ok ok, as vezes ser paciente é bom!

Site: http://www.gentoo.org/

2.1.13. LTSP

LTSP, ou Linux Terminal Server Project, é um projeto de um pacote com uma mini-distribuição para thin clients (ou clientes finos). Para quem não conhece o que é isso, é só dar uma olhada nos famosos telecentros, que geralmente utilizam LTSP. Com este pacote, você consegue rodar maquinas sem HD, utilizando todos os dados por uma rede. As interfaces e programas são todos instalados em um servidor e as máquinas acessam este servidor.

Isso é útil principalmente quando você tem várias máquinas velhas. Usando o LTSP, você pode reaproveitar essas máquinas velhas e rodar LTSP nelas. Com isso você poderá usar programas mais pesados em máquinas velhas como um 486.

Não é uma distribuição para usuário final, mas é ótimo para certos casos, como citei ;)

Site: http://www.ltsp.org/

2.1.14. ZipSlack

O zipslack é um mini-Slackware, feito para rodar numa partição DOS/Windows. Através desta versão especial, é possível qualquer um pegar na internet um arquivo em formato .zip, descompactá-lo no diretório c:\linux e usar o linux à vontade! Para realizar este feito, usa-se o sistema de arquivos UMSDOS e através do utilitário "loadlin" (substitui o LILO), o kernel é carregado. O arquivo do zipslack vem bem "enxuto", mas você pode rechear simplesmente pegando os pacotes .tgz e instalando-os com o comando "installpkg pacote.tgz" e com isso você pode instalar o sistema X, junto com os Gerenciadores de janelas e também servidores como o Apache. Por que o nome zipslack? Esta mini-distribuição foi feita para se rodar em um disco de zipdrive e tem um limite de 100MB. Claro que você pode optar em não utilizar um zipdrive e assim poder usar o espaço que quiser, mas é um recurso muito bom para alguns utilitários básicos que você pode carregar para todo lugar junto com o disquete e drive do zipdrive. O site oficial dele é o mesmo que o do Slackware.

Site: http://www.slackware.com/

2.1.15. Linux From Scratch (LFS)

O Linux From Scratch é um projeto interessantíssimo para quem quer ver àfundo como funciona a criação de uma distribuição Linux. O autor não estava satisfeito com nenhuma distribuição que tinha usado e resolveu criar uma pra ele mesmo. É aí que entra o espírito: ele fez um tutorial passo-a-passo de como ele montou a distribuição dele e compartilhou com todos. Assim, com estas instruções, qualquer um pode montar sua própria distribuição. O nome Linux From Scratch significa "Linux do Zero" em inglês e é muito bom!

As instruções continuam sempre crescendo e em constante atualização. Inclusive há variações do LinuxFromScratch, criando distribuições com focos diferentes. São verdadeiros livros para ler, praticar e aprender todo o funcionamento de uma distribuição Linux.

Site:http://www.linuxfromscratch.org/

2.1.16. Outras distribuições

Como eu disse anteriormente, existem centenas de distribuições disponíveis por aí afora. Como eu não sou de ferro, não vou conseguir listar todas aqui (mas conforme a demanda, vou sempre adicionando). Felizmente para preencher essa lacuna temos um site muito bom chamado DistroWatch, que lista praticamente todas as distribuições existentes, dá informações sobre elas, versões de programas, links, emuito mais. É um ótimo recurso para conhecer essa diversidade.

Site: http://distrowatch.com/